1.1- Identificação do problema

 

 As bases da hereditariedade foram propostas há mais de um século por um padre católico e professor chamado Mendel. A partir das suas experiências com ervilheiras de cheiro Mendel foi capaz de reconhecer os princípios fundamentais da hereditariedade que hoje a comunidade científica aplica a quase todos os organismos que se reproduzem sexuadamente. Porém, e como muitas vezes se verificou ao longo de séculos de construção de conhecimento científico, apesar do cuidado da sua interpretação e da minúcia e objectividade com que apresentou o resultado do seu trabalho aos biólogos da época, as suas pesquisas e consequentes conclusões permaneceram na escuridão durante quase três décadas. Muitos estudiosos modernos têm tentado perceber o porquê da não aceitação de um trabalho tão rico e importante e segundo se tem concluído, como várias vezes aconteceu ao longo da história, o cientista era demasiado avançado para a época em que vivia. Lembremo-nos, por exemplo, de Albert Einstein, cujas descobertas só foram comprovadas cerca de meio século após a sua morte.

 

Nas três décadas que se seguiram à contribuição de Mendel, passos gigantes foram dados na compreensão da natureza das células e da reprodução celular. Acontecimentos verdadeiramente históricos tiveram lugar nesta fase e marcaram de forma latente a comunidade científica: a divisão celular e a fecundação foram observadas, foram descobertos os cromossomas e descritos os seus movimentos nos processos mitóticos e meióticos, e a substância química do núcleo foi isolada e caracterizada. Deste modo no início do século XX prevalecia já a ideia, ainda que apenas por parte de alguns notáveis biólogos, que o material genético estava localizado no núcleo celular e não armazenado em proteínas como até há bem pouco tempo se suponha ser verdade. Por esta altura, e no decorrer dos seus próprios estudos, vários investigadores foram levados à redescoberta dos princípios que Mendel havia enunciado vários anos antes. Perante estas novas perspectivas a obra de Mendel foi reavaliada tendo sido reconhecida a sua importância fundamental.